História

O homem sonha e a obra nasce. Foi assim que, no distante ano de 1905, no início do século passado, um número de bairristas vilacondenses, no dia 5 de Dezembro, se reuniu em Assembleia Geral para constituir um Clube, decidindo de imediato o nome a atribuir a essa Coletividade e sendo eleita uma Comissão Executiva constituída por Francisco Estevão Soares, António de Almeida Carneiro, Arnaldo Viana Vasco, Alfredo Correia dos Santos, José Gomes da Silva, José Martins d´Araújo Júnior e Joaquim Gomes Saraiva. Foi ainda encarregado o licenciado Dr. Manuel da Cunha Reis de elaborar os seus estatutos, concluídos em oito dias e, posteriormente, em 11 de Abril de 1906, aprovados pelo Governador Civil do Porto.

Muito embora as referências a um Clube Fluvial Vilacondense sejam anteriores àquela data, é aquele o dia em que, formalmente, se constitui a fundação de um Clube que, ao longo dos seus 100 anos sempre esteve presente em Vila do Conde. O seu primeiro objetivo era, como aliás o nome indica, a prática de desportos náuticos, sendo que a maioria dos seus fundadores estava ligada à marinha mercante e os seus primeiros atletas, duma forma ou doutra, ligados ao rio e ao mar, às populações ribeirinhas. Isto, numa altura em que o rio Ave assumia um papel preponderante em Vila do Conde.

*Referência ao CFV, 1888
*Referência ao CFV, 1888
Sócios Fundadores do Clube Fluvial Vilacondense
Sócios Fundadores do Clube Fluvial Vilacondense
Jornal Renovação nº1178, 1964
Jornal Renovação nº1178, 1964

O Fluvial, a Cultura e a Sociedade

Teve o Fluvial, ao longo de todos estes anos, uma participação muito ativa na sociedade vilacondense, não só no plano desportivo, mas também na vida cultural.
Em 1908, é instalada a primeira biblioteca pública na Associação, a que mais tarde (1944), se dá o nome do também Fluvialista José Régio. De 1949 a 1951 editam-se boletins culturais. Cria-se o Cineclube, tendo sido um dos seus primeiros seccionistas o Dr. António José Saraiva Dias, com a primeira sessão em 11 de Março de 1959 no Cine Teatro Neiva exibindo “As férias do Sr. Hulot” de Jacques Tati seguindo-se, pelo menos uma vez por mês, um conjunto de filmes que fazem parte da história do cinema mundial, como por exemplo a Estrada de Felini, As Grandes Manobras de René Clair, a Fonte da Virgem de Ingmar Bergman, O Tecto de Vittorio de Sica.

Entre várias atividades culturais que ao longo dos anos o Clube Fluvial Vilacondense organizava e proporcionava a todos na cidade de Vila do Conde, é importante realçar que entre 1908 e 1910 publicou a revista “Fluvial” que divulga as grandes Festas do Carmo, organizadas pelo próprio Clube e que atraem a Vila do Conde um grande número de forasteiros. Entre 1965 a 1970, e dadas as grandes dificuldades sentidas em Vila do Conde por não haver alguém que assumisse a organização das Festas de S. João, o Fluvial chamou, outra vez, a si essa responsabilidade.

Programa de Festas da Nossa Senhora do Carmo

O Fluvial, a Arte e as Conferências

Consta ainda das realizações promovidas pelo Fluvial, um conjunto de homenagens a João de Barros, Aquilino Ribeiro, Manuel da Cunha Reis, entre outros; um sem número de exposições dedicadas a alguns artistas vilacondenses como Júlio e Saúl Dias, Apolinário, Carlosé.

Em 1970, no primeiro aniversário da morte de José Régio, publica-se em sua homenagem um «In Memoriam» em que colaboram, com depoimentos, muitos dos maiores vultos vivos da cultura portuguesa e procede-se ao descerramento do seu busto, de autoria do vilacondense e Fluvialista José Alexandre Alves da Costa.

conferências

Registe-se ainda, a realização de colóquios e conferências orientados por nomes como os Drs. Óscar Lopes, António José Sousa Pereira, Orlando Almeida Taipa, e outros. Mas a participação do Fluvial na vida vilacondense reparte-se ainda por um conjunto de intervenções como a organização de bailes, concursos de montras ou a realização dos primeiros jogos florais da Biblioteca José Régio, em 1975.

exposição de arte

Registe-se ainda, a realização de colóquios e conferências orientados por nomes como os Drs. Óscar Lopes, António José Sousa Pereira, Orlando Almeida Taipa, e outros. Mas a participação do Fluvial na vida vilacondense reparte-se ainda por um conjunto de intervenções como a organização de bailes, concursos de montras ou a realização dos primeiros jogos florais da Biblioteca José Régio, em 1975.

conferências

Os Desportos Náuticos

Mas a génese do Clube, bem assinalada pelos seus fundadores, foi a prática de desportos náuticos e em particular o remo. E esta modalidade foi, ao longo de décadas, a que mais identificou o Clube Fluvial Vilacondense. Vai longe o tempo daqueles barcos pesadões, os escaleres e os randers, de bancos fixos, cujas tripulações eram constituídas, essencialmente, por marinheiros e carpinteiros navais e timonados por pessoas de classe média e alta vilacondense, uma característica que neste Clube tem sido permanente: o ecletismo.

 

Entretanto, as embarcações evoluíram, passando para os mais leves “yolles” e, finalmente, para os modernos e rápidos “shell”. Uma referência que ao longo dos tempos se mantém para o velhinho Fluvial é a taça oferecida pelo último rei de Portugal, D. Manuel II, para ser entregue à equipe que vencesse três regatas consecutivas realizadas no Rio Ave, e que a nossa equipe brilhantemente venceu em luta com a tripulação do Fluvial Portuense.

 

Hoje, a importância dos desportos náuticos no Fluvial é ainda mais significativa, e a prática do remo, da canoagem, do stand up paddle, da vela e da natação permite ostentar com orgulho um sem número de títulos regionais e nacionais, presenças Internacionais e Olímpicas.

velavela
remoremo
remoremo
ciclismociclismo
cfvcfv
remoremo
taçataça
corrida são silvestre

Outras Modalidades

Mas a prática desportiva do Fluvial conheceu outros vetores desde o futebol, com honras de inauguração do campo de jogos, em 1930, no lugar da Junqueira, Azurara; o ciclismo, primeiramente organizado à volta do chamado Vilacondense Velo Clube e tendo mesmo uma equipe feminina que participou no 1.º Circuito Feminino realizado em 1939 em Vila do Conde; a ginástica; o atletismo (recordem-se, por exemplo, as corridas de S. Silvestre do fim de ano organizadas pelo Clube); o basquetebol; o voleibol; o ténis de mesa; a pesca desportiva; surf; filatelia.

Pode mesmo afirmar-se ter sido o Fluvial a associação que mais modalidades praticou em Vila do Conde, e que mais oportunidade deu aos vilacondenses para a prática salutar de um desporto, numa época em que os equipamentos eram raros e em que o “amor às camisolas” era vivido dia a dia.

O Centenário e o Futuro

Comemorar um Centenário é um feito assinalável, raro nos seres humanos, menos raro nas Associações. Estamos certos de que o Fluvial vai comemorar mais centenários. E nisso acreditamos sinceramente porque, na juventude dos seus atletas, vemos novas gerações de Fluvialistas a despontar que, por certo, irão seguir o exemplo dos que iniciaram esta marcha.

Parafraseando Arnold Bennett: “As pessoas que vivem no passado deviam inclinar-se perante aqueles que vivem no futuro, senão o mundo começará a girar ao contrário”. Assim, ao cruzar a barreira dos 100 anos de vida, evocamos o passado do Fluvial, mas tal gesto significará sempre esperança no futuro, mantendo vivos e cheios de vigor os versos do hino do velhinho e sempre novo Clube Fluvial Vilacondense: “Avante pois, Oh! Fluviais, Por esta Terra que tanto amais”.

centenário clube

E é pensando no futuro que os dirigentes do Fluvial anseiam pela construção de um novo Posto Náutico, o que tem conhecido a melhor das recetividades por parte da Câmara Municipal de Vila do Conde, que aliás já anunciou publicamente a sua disponibilidade para a elaboração de um projeto. As atuais instalações são exíguas para as reais necessidades dos mais de 250 atletas, sendo também preocupação dos responsáveis do Clube a necessidade de encontrar nessas instalações novos espaços de convívio para familiares e praticantes, criando assim formas atrativas para a angariação de novos associados para o Fluvial.

Mas o estado de alma do Fluvial e dos Fluvialistas, melhor do que mencionar simples referências, espelha-se no seu hino, cuja letra, da autoria de José Maria Pereira Sobrinho, pai de José Régio, é uma exaltação de amor a Vila do Conde, clamando que “Dos Fluviais é o lema sagrado Combater pela terra querida” e acrescentando “Vila do Conde, terra adorada, Do nosso Ave princesa gentil”.

CFV E OS JOGOS OLÍMPICOS

Ao longo dos mais de 100 anos de história do Clube Fluvial Vilacondense destacam-se algumas presenças na Competição mais emblemática das suas modalidades.
Um total de 5 presenças Olímpicas por 3 atletas tendo sido o primeiro José Garcia, Canoísta que esteve presente nos Jogos de Seul 1988 onde obteve o 4º lugar em K1 1000m. Em Barcelona 1992 foi 6º em K1 1000m e 9º em K1 500m. A sua última participação como atleta Olímpico foi em Atlanta 1996 onde conseguiu o 8º lugar em K1 1000m e o 9º lugar em K1 500m.

O segundo atleta Olímpico da história do Fluvial foi Adriano Niz que em Atenas 2004 disputou os 4x200m Livres onde foi 12º classificado na Estafeta Portuguesa.

Mais recentemente, em 2021, Catarina Monteiro esteve presente nos Jogos Olímpicos de Tokyo onde registou a melhor marca portuguesa de uma nadadora nos Jogos ao disputar a Semi Final dos 200m Mariposa onde terminou na 11ª posição da Geral.

JOSÉ GARCIA

Atlanta 1996 // Barcelona 1992 // Seul 1988

ADRIANO NIZ

ATENAS 2004

CATARINA MONTEIRO

TOKYO 2020